segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Em clima de tensão com o PMDB, Dilma muda direção do DNOCS

O Ministério da Integração Nacional informou nesta quinta-feira que o diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Elias Fernandes, pediu demissão após denúncias de irregularidades no órgão publicadas nos últimos dias pela imprensa.

O ministério argumentou, por meio de nota, que a saída faz parte de um processo de "reestruturação dos quadros das empresas vinculadas à pasta".

No lugar de Fernandes assumirá interinamente o secretário nacional de Irrigação do Ministério, Ramon Rodrigues.

A mudança de comando no Dnocs tem provocando novo atrito entre o PMDB, que apadrinhava a indicação de Fernandes, e o governo em torno da nomeação de pessoas para escalões inferiores do Executivo.

O líder da bancada peemedebista na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), que chegou a atacar publicamente o governo depois que foi informado que Fernandes pediu para sair do comando do Dnocs, mudou o discurso para um tom mais conciliador após o anúncio do ministério de que Fernandes pediu sua exoneração.

Por meio do microblog Twitter, Alves disse que respeitava o governo Dilma e o espaço que foi dado para a indicação política de seu Estado, o Rio Grande do Norte. Ele afirmou que faria uma nova indicação para o órgão.

O peemedebista conversou com o vice-presidente Michel Temer nos últimos dias para evitar a mudança na diretoria-geral do órgão, mas não conseguiu reverter a decisão que já tinha sido tomada pela presidente Dilma Rousseff.

Temer conversou com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e expressou o descontentamento de Alves, segundo revelou uma fonte do governo, que pediu anonimato, mas foi informado que não seria possível mudar a determinação de Dilma.

Uma outra fonte do Palácio do Planalto, que também pediu para não ter seu nome revelado, disse que o governo não se sentiu ameaçado pelo PMDB e que o partido poderá apadrinhar novas indicações para o Dnocs.

Nos últimos dias, a imprensa tem divulgado informações de relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) que apontam desvios em obras para combater a seca no Nordeste e que já havia resultado na saída do diretor financeiro do Dnocs, Albert Gradvohl.

Outra investigação da CGU também apontava responsabilidade de Fernandes em outros desvios de contratos firmados pelo Dnocs. Alves tentava manter o apadrinhado no cargo pelo menos até que o Tribunal de Contas da União (TCU) analisasse os relatórios da CGU, mas o governo agiu antes.

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